Ok, fizemos novamente a travessia que sai do bairro do Bonfim (Petrópolis) e segue por cima das montanhas até a "Barragem" na sede alta do Parque Nacional em Teresópolis, entre os dias 15, 16 e 17 de julho de 2011.
A trilha, comumente chamada de PÊTERÊ ou PETRÔ x TERÊ é classicamente feita em 03 (Três) dias:
1º dia: da portaria do Parque no Bonfim até os Castelos do Açú;
2º dia: dos Castelos do Açú até o Abrigo 4 na Pedra do Sino;
3º dia: da Pedra do Sino até a Barragem na sede alta do Parque em Teresópolis.
1º DIA
Começamos às 8 horas.
A trilha começa arborizada e não há como se perder.
Está bem demarcada e bem sinalizada nas duas únicas bifurcações ainda no começo.
A trilha segue subindo o tempo todo e é bem cansativa. A maioria dos relatos conta que, em aproximadamente 40 min a 1 hora chega-se ao queijo, local da 1ª parada. Mas não é bem assim. Dependendo do condicionamento físico ou o tamanho do grupo, leva-se mais tempo. Chegamos ao queijo após 2:30 min de trilha.
Subimos com as cargueiras pesadas e sem pressa, parando para fotos e admirar a paisagem.
A partir do Queijo o próximo ponto de parada obrigatória é o AJAX, último local para se colher água de qualidade até o Açú.
Este, é o local para se ingerir alimentos calóricos e repor as energias pois logo começa a subida conhecida como ISABELOUCA. Segundo se conta, este era o local em que a Princesa Isabel subia em lombo de mulas para caçar Antas, feito que jamais se realizou e, no alto, os escravos ficavam rindo dos tiros que nunca acertavam o animal. Daí o nome. E não se enganem, é uma subida MUITO íngreme e cansativa com terreno pedregoso e cheio de pedras soltas.
Gasta-se MUITA energia para se chegar no cume. Lá chegando, vale pela vista do Vale do Bonfim.
Caminhando mais uns 30 min e já avistamos o Cruzeiro e pouco mais, os Castelos do Açú!
Visto a uma certa distância, lembra um peixe grande deitado sobre o cume deste morro. Este, é o ponto mais alto da Serra dos Órgãos na parte de Petrópolis e nosso ponto para o 1º pernoite, onde encaramos a temperatura de -1ºC na madrugada.
Sorte nossa, pois na semana anterior (segundo o Guarda Parque), os termômetros haviam marcado -6ºC.
2º DIA
Começamos a 2ª parte por volta das 9:30 horas (saímos tarde!) em direção ao Morro do Marco.
A trilha começa bem em frente ao Abrigo e segue reta até um "cabeço" de morro em descida bem vertical. Descemos fazendo ziguezague.
Há vários marcos de pedra chamados Tótens que servem como auxílio para demarcar a trilha. O problema é que existem vários destes Tótens que estão errados. Só utilize em último caso!
As subidas são sempre muito íngremes e cansativas, por isso, se faz tão necessário os bastões de trekking para se poupar o joelho!
Após a subida do Morro do Marco existe uma crista rochosa onde é indicado uma pequena parada para reidratar e continuar a trilha. Neste momento, já se avista a Pedra do Sino.
Se seguirmos à direita, vamos em direção a Coroa do Frade e Portais de Hércules. É lindo mas não há saída. Não há muito tempo a perder!
Descemos e cortamos outro vale e agora outra subida para o Morro da Luva. É muito íngreme também e há um ponto de água muito limpa. A trilha é fechada e com muitas árvores e por isso, o terreno é lamacento e escorregadio. Cuidado.
No topo da Luva, descemos pela direita evitando a descida a esquerda pelo rio que, além de escorregadio não leva a trilha correta.
Logo após, caminha-se pelo Morro do Dinossauro, uma grande laje de pedra e com uma vista maravilhosa dos Portais de Hércules.
Ao final do vale, há uma pequena ponte (cuidado pois a trilha contorna uma grande pedra a esquerda) pois se seguir reto, podemos cair em um buraco. mais a frente começa o Elevador.
São vergalhões em forma de escada cravados na pedra em uma encosta. São três lances desta "escada" que somados, chega-se a uns 30 ou 35 metros. Cuidado pois desta vez, haviam 3 vergalhões soltos. Prenda a mochila e amarre bem os bastões e vá em frente!
Após, subimos outra encosta de pedra e mais a frente o Vale das Antas.
A trilha começa pela esquerda deste morro. NÃO SIGA OS TÓTENS PELA DIREITA!!!! Vá para a esquerda e desça uma lage de pedra. Já embaixo, a trilha segue por entre o mato que estava bem alto até o rio do Vale das antas. Pare, reabasteça e se prepare para outra subida forte!
A trilha começa após saltar o rio e começa a subir ziguezagueando até o cume deste morro. Neste momento a trilha está pouco batida e em certos momentos, nem há trilha. Somente quem conhece consegue encontrar o caminho correto.
No cume deste pequeno morro a trilha abre e sobe-se ao Dorso da Baleia e continua subindo outra encosta.
No cume, temos a visão da Pedra do Sino bem na nossa frente e o Vale dos & ecos. Vale dar um grito e ouvi-lo ressoar por 7 vezes!
Nesta hora, contorna-se a esquerda e começa uma descida. Não a conselho fazer esta descida na mão (muita gente faz assim). Usamos uma corda e fizemos "papel de coxa". São uns 30 metros de descida vertical!
Neste momento, mais uma subida pequena mas bastante forte até o Cavalinho.
Outro momento em que usamos a corda. Dá para fazer o Cavalinho sem segurança mas, como tínhamos a corda, subimos as cargueiras com a corda e depois começamos a subida. Não é nenhum absurdo mas requer atenção pois a sua esquerda, há um abismo! Uma queda, será fatal.
Neste momento, só passa uma pessoa por vez e leva tempo. Se vc não tiver sorte e pegar um grupo grande a frente.... só resta esperar.
Já eram 17:30 horas e o sol estava começando a se esconder. Nossa preocupação era vencer o Cavalinho ainda com o tempo claro.
Após só falta vencer uma escada de metal (uns dizem que foi Endre de Gyalokay quem instalou e outros dizem que foram funcionários do IBAMA) e seguir a trilha que sobe um pouco mais e contorna a base da Pedra do Sino. Mais uns 30 minutos e estamos no Abrigo 4. A partir daquela escada, utilizamos as lanternas de cabeça pois escurece muito rápido.
Vencemos a parte mais difícil e perigosa da trilha!
Agora, um belo rango e uma noite de sono!
3º DIA
Nosso dia começou às 5:30 (ainda escuro) e com o objetivo de subir a Pedra do Sino para nos maravilharmos com o nascer do sol que, no topo da Serra dos Órgãos, é lindo!!!
Reunimos todo o grupo para as fotos e logo após, preparamos o café da manhã, arrumamos as cargueiras e começamos a descida.
São 11 Km de descida fácil e sem muitos percalços.
A trilha está bem cuidade e bem demarcada. Existem dois pontos de água porém, não aconselho utiliza água do Véu da noiva.
Prefira a cachoeira do Bambú que fica poucos metros acima do véu da Noiva.
Chegamos a Barragem 14:30 horas. Cansados... exaustos... mas felizes por termos não somente completado esta missão e sim, por tê-la completado sem nenhum acidente!
A travessia mais cansativa e mais clássica do Brasil !!
DICAS:
- Faça esta trilha durante o inverno. Apesar do frio, é a época mais seca e diminui o risco de chuvas e temporais, muito comuns no verão
- Sempre que for utilizar água de rios e córregos, utilize sempre um purificador. Optei pelo CLORIN 1
-Agasalhe-se bastante, as noites são frias
- Utilize a 2ª pele. Se mostrou eficaz
-Faça reserva via Internet e garanta a vaga. Só é permitida a entrada de 100 pessoas pelo Bonfim
-Se for utilizar o abrigo, evite a água do Abrigo do Açú. Mesmo com o purificador. Há uma nascente 10 metros após o abrigo com água pura
-Não deixe de levar um bom equipamento. Os bastões salvam os joelhos e o correto uso de um calçado, salva seus pés
-Só leve alimentação que for usar. Abuse de proteina em gel, principalmente no 2º dia
Tomando os cuidados básicos e utilizando alguém que REALMENTE conheça a trilha, relaxe e aproveite uma das mais belas e clássicas trilhas do Brasil.
Grande abraço e boas trilhas !!